SSMM SINDROME DO SOFRIMENTO MENTAL MÉDICO NA COVID 19
Em uma pandemia, o sofrimento dos profissionais da saúde, é de que tamanho? Pensemos em um ser humano com família, amigos e todos os relacionamentos que afetam o emocional, mas o profissional da saúde também tem os pacientes como família, muitas vezes com mais afinidades que um parente consanguíneo.
Devoção e amor à arte, que sempre acreditou e na força da mente e todo conhecimento para ajudar o próximo.
Mas o amor à arte da medicina, num tempo de sofrer x compaixão, na presença do grau de stress e de sofrimento mental nos profissionais da saúde em especial com a atenção médica, é perceber o que os olhos não veem, durante horas, dias meses… de dor. Mas que dores seriam? As dores do 2020…
Dores de cabeça frequentes, e logo de manhã tomar um analgésico, justificando por dormir mal, mas sabemos que vários fatores podem gerar cefaleia e nestes dias do 2020, fatores é que não faltaram, a contração muscular gerada por tensão emocional , hipoglicemia por não conseguir comer, sensação que comeu muito mas não tinha comido nada, ou sensações desagradáveis no estômago, indigestão e desconfortos intestinais, náusea, falta de apetite, cuidar do aparelho digestório ou da pressão arterial que começou a subir.
Mãos que eram seguras começaram a tremer, tremores musculares involuntários, tics nervosos e de repente, aquele que está tão concentrado, um simples movimento pode levar um susto com manifestações de palidez e taquicardia.
Sentindo se triste, angustiado sem inspiração e o nó na garganta é constante para quem não tinha hábito de chorar e se reconhecer tenso, com os nervos à flor da pele e preocupado se seria o causador da infecção no próprio lar. Sai para o campo de trabalho, sem saber se retornará a ver a própria família, lembrando em tempos passados quando médicos em outras pandemias, peste bulbônica e gripe espanhola, que quando voltaram para casa a família já não estava mais presente nesta vida, isto quando voltavam.
O cansaço não tinha hora para chegar, na manhã por uma noite mal dormida, a tarde porque não tinha almoçado ou a noite por que sabia que chegavam novos pacientes a cada hora. Ouvi de um colega uteista, “mas a UTI sempre foi cheia, por que agora tanto cansaço?” A constatação que nosso corpo mental já tem lucidez mas limitado e nosso corpo emocional ainda como um bebê, sem consciência de amor para si.
Dificuldade para pensar com clareza, a mente não tinha registro de porta no fim do túnel, a doença não tem protocolo de tratamento, desespero de ver pacientes sem vida e sem controle medicamentoso para a doença. Frustração e constatação de impotência.
Os compromissos particulares diários não davam mais para realizar muito menos sentir o prazer da realização, alguém teria que realizar estas tarefas, assim como decisões e participação nos fatos domésticos. Mas as decisões profissionais, cada vez mais difíceis, decisões com a vida do outro e a própria vida, e muitas vezes se sentir inútil, frente o poder devastador da doença e por horas inteiras refletir o valor e a efemeridade da vida material.
Sensação de cansaço extremo ou esgotamento, saber que precisaria parar mas quem substituiria no plantão?
A mente quase não deu conta de organizar as funções básicas de sobrevivência: comer, beber, dormir e sexo. Buscar compensações no que traz prazer, como comer mais, beber mais, fumar mais, mais vitaminas ou mais analgésicos, porque as dores estavam em vários locais do corpo, mais e mais que o habitual, optar por um indutor de sono, um ansiolítico, um calmante ou um anti udepressivo, já que a falta de interesse por um livro, um filme, ou melhor, nem se lembrava deles, mas a falta de inspiração, estava presente.
Respiração suspirosa, falta de ar, palpitações, sempre presentes mas o interesse sexual nem pensava que existia. Aperto no peito e tem a sensação de não estar contribuindo o suficiente em seu trabalho ou sente culpa por não ser um trabalhador na linha de frente.
Confissões e autoconfissões, pelos corredores, quando a voz saia, eram sempre as mesmas, quase que automáticas, um desabafo que dispensava comentários ou interpretações. Me sinto nervoso. Me sinto culpado por não estar na linha de frente. Me sinto frustrado. Me sinto esgotado. Me sinto bem por fazer o bem ao próximo. Não consigo falar nada. Vou seguir trabalhando. Vou mudar de profissão. Vou mudar meu lugar de trabalho. Vou sair de licença. Frases verbalizadas ou não, pareciam ecoar pelos corredores dos Hospitais.
Mas aqueles que já tinham espiritualidade e conhecimento da natureza humana, que faz parte da natureza e reconhece a infinidade de elementos que a natureza nos fornece para o equilíbrio físico e mental utilizaram destes recursos, acreditando no melhor, com fé no Pai Criador. Fez a diferença? Sim! E puderam ser âncora, bandeira, farol, estrela, e uma só certeza, a vida é muito mais, muito mais do que nossa mente é capaz de alcançar de conhecimentos Entendimentos constatados e revelados – “a vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem” Reconhecer com muita coragem, verdades e princípios ditados há mais de 2000 por um mestre, Jesus, o Cristo, médico dos médicos, fonte da coragem, e concluir um capítulo na história da vida, compreensão, compaixão, o sucesso do amor, vivenciados com Deus, e vencer com Deus é vencer para nunca mais esquecer. Gratidão eterna a todos os profissionais da saúde que dedicaram e ainda dedicam a própria vida por amor ao próximo.
Por Dra. Aniete Roma