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O Mito Pan, Pã, pânico, pandemia

Podemos entender os mitos, por que vivenciamos, em todas culturas um núcleo de energia em cada um, e independentemente se conscientes ou inconscientes para cada um de nós, eles sempre estarão presentes no nosso dia a dia. Mitos trocam de roupas, em cada cultura uma roupagem, mas continuam mitos. Os mitos nos ajudam a entender as relações humanas e guardam em si a chave para o entendimento do mundo e da nossa mente. A mitologia greco-romana, com lendas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heroicas e jornadas no mundo subterrâneo e nos ínferos, descrevem a mente humana manifestada na diversidade de comportamentos e atitudes. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada ser humano, não importa em que tempo ou local. Somos todos, deuses e heróis, senhores de nossa própria história.

Pã, antiga divindade, era o guardião dos rebanhos e tinha por missão faze-los multiplicar. Divindade dos bosques e dos pastos, protetor dos pastores, veio ao mundo com chifres e pernas de bode. Filho de Dríope, uma das Plêiades e de Hermes, o mensageiro dos deuses, sendo considerado o deus intermediário, era natural que estabelecesse a transição entre os deuses de forma humana e os de forma animal.

Contudo Pã foi abandonado por sua mãe no nascimento, assustadíssima com sua esquisita conformação, com pés de bode e chifes na testa e barba espessa. Quando Hermes levou o filho ao templo, todos do Olimpo ridicularizaram a criança. Em vista disto, Hermes pediu que a criança nunca o chamasse de pai.

Era temido por todos aqueles que necessitavam atravessar as florestas à noite, pois as trevas e a solidão da travessia provoca pavores súbitos, desprovidos de qualquer causa aparente e que eram atribuídos a Pã; dai o nome pânico. Os latinos chamavam-no também de Fauno e Silvano.

As ninfas zombavam incessantemente de Pã em virtude do seu rosto repulsivo, ele tomou a decisão de nunca amar. Porém um dia desejando lutar cormo a corpo com Eros, foi vencido e abatido diante das ninfas que riam. Percorrendo os bosques, encontrou a ninfa Syrinx que jamais quisera receber homenagens das divindades e só tinha uma paixão: a caça. Aproximou-se dela e, como nos costumes campestres, lhe cortejou. Porem Syrinx, pouco sensível as declarações de amor, saiu correndo e vendo –se detida, rogou ajuda as suas irmãs ninfas.

Quando Pã quis abraça-la, ela foi transformada em caniços. Suspirando sobre os canições agitados, Pã ouviu um som e criou a flauta syrinx. O Cupido lhe anunciou que os sons amorosos da flauta atrairiam, apesar de usa aparência grotesca, as que seu talento faria com que fosse esquecido o rosto pelas belezas que o desdenhavam. Com efeito, em breve, os melodiosos acordes atraíram de toda parte as ninfasque vinham dançar em volta do deus chifrudo.

A ninfa Pítis, mostrava se tão enternecida que Pã renascia com a esperança, crendo. Sempre tocando a flauta de sete tubos, começou a procurar lugares solitários e percebeu, finalmente, um rochedo escarpado no alto do qual resolveu sentar-se. Pítis segue-o e para melhor ouvi-lo aproxima-se cada vez mais. Pã vendo-a tão perto, julga o momento oportuno para lhe falar.

Pítis era amada por Bóreas, o terrível vento do norte, que naquele instante soprava com grande violência. Vendo a amada, teve um acesso de ciúme e não se contendo soprou com tal impetuosidade que a ninfa caiu no precipício. Imediatamente o corpo de Pítis foi transformado em pinheiro. Pitis em grego significa pinheiro, consagrada a Pã. Por esse mesmo motivo, nas representações figuradas, a cabeça de Pã esta coroada de ramos de pinheiro.

Mas o destino de Pã era amar sem nunca conseguir se unir à criatura amada. Continuando a fazer música na montanha, ouviu no fundo do vale uma terna voz que parecia repetir-lhe os acordes. Era a voz da ninfa Eco, filha do Ar e da Terra. Embora a seguisse e ela respondesse, ele nunca conseguia alcança-la. Assim Pã residia em grutas e vagava pelos vales e pelas montanhas, caçando ou dançando com as ninfas, trazendo sempre consigo a flauta. Pã estava com outros deuses e surgiu Tífon, inimigo dos deuses.

O medo transformou cada um dos deuses em animais e Pã assustado, mergulhou num rio e disfarçou assim metade de seu corpo, sobrando apenas a cabeça e a parte superior do corpo, que se assemelhava a uma cabra. Zeus considerou uma estratégia muito esperta e, como homenagem, transformou Pã na constelação de Capricórnio.

Assim é e sempre será, uma figura grotesca com rabo, chifres, e barba, tem do Pai a capacidade de ir e vir para todo lugar, assim como um vírus, mas jamais estaria integrado ao amor, sempre rejeitado, assim é quando se tem somente a verdade da aparência, mas como cada um tem sua utilidade e luz, é possível de ser reconhecido e proporcionar a manifestação do pinheiro que tem a essência do perdão.

Uma representação de pureza, e determinação que como vento, pode estar em todo lugar, mas quando não aceito a sua natureza, uma figura pior aparece e reduz o poder para que possa ser reconhecido na humildade como elemento simples e frágil. A dor consequente da resistência a abertura para o aprendizado, que proporcionou o perdão, veio da figura grotesca sem amor, mas gerou a força do perdão, será reconhecida não apenas como uma estrela, mas como uma constelação, com luzes de perdão no caminho de todos.

Por Dra. Aniete Roma

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